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Arquitetos: Rama estudio
- Área: 225 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Jag Estudio, Andres Villota
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Fabricantes: Papel y Luz, Soroche de los Andes, Taller el laberinto
Ágape Colectivo é um espaço terapêutico para o desenvolvimento do corpo e da mente. A fundadora da Ágape é psicóloga especializada em ioga e teatro e precisava ampliar seu espaço. Assim, se projeta um volume de uso misto, o qual oferece uma área maior para múltiplas terapias e habitação no pavimento superior.
O projeto consiste em 2 etapas de intervenção: a primeira é a construção de um muro de taipa como recuo para abrigar os carros no exterior do lote e criar um espaço totalmente pedonal no interior, priorizando a circulação em um espaço tranquilo, verde e natural. O material resultante da terraplenagem é utilizado neste novo recinto.
O acesso principal nos leva diretamente ao centro do projeto, um oásis natural que será povoado ao longo do tempo. Essa paisagem será a primeira coisa que os usuários verão quando chegarem. À direita deste encontra-se a edificação existente, uma pequena casa que abriga consultórios de terapeutas.
A segunda etapa envolve a construção de um novo volume que abraça o centro, com uma fachada transparente e permeável voltada para o pátio central.
O Ágape é construído com estrutura de madeira laminada, painéis de compensado para divisões internas e camada isolante na cobertura. Também são utilizadas algumas peças metálicas que colaboram com a estrutura e paredes de bahareque na fachada posterior. Todos os materiais contribuem para a qualidade e saúde do espaço.
No térreo encontram-se as zonas públicas, que incluem uma sala de ioga, teatro e concertos. No centro do espaço estão os banheiros e, por fim, uma sala de artes para escultura e pintura terapêutica. No pavimento superior encontra-se um apartamento completo com escritório e varanda.
A estrutura do Ágape funciona como uma cesta. A fachada principal é composta por uma sequência de esbeltos triângulos construídos com vigas de madeira laminada seccionadas (0,038 x 0,18 x 5,60 metros). Depois de montados no solo, os triângulos são fixados sobre uma haste com pés metálicos que separa a estrutura de madeira do solo. Isso ajuda a preservar as paredes de taipa e madeira, mas também permite que os usuários tenham uma visão externa quando estiverem deitados no chão.
No mezanino, uma fina laje de concreto armado é conectada por parafusos estruturais e cintas metálicas às vigas de madeira laminada, que são ancoradas na fachada frontal e posterior, tecendo assim a "cesta". A cobertura é composta por vigas de madeira laminada e uma camada de compensado com isolamento térmico/acústico da BIOM (resíduos agrícolas orgânicos, casca de arroz).
Procuramos tornar acessíveis os sistemas construtivos vernaculares. Neste projeto, o processo construtivo do bahareque é mecanizado através da utilização de pistolas de argamassa com compressor, desta forma áreas consideráveis são cobertas com mistura de solo em menos tempo e com melhor compressão. Porém, o trabalho artesanal não fica de lado no acabamento da camada final.
Muitos detalhes do projeto são feitos manualmente por artesãos locais, desde maçanetas metálicas, puxadores, abajures, pias de cerâmica e madeira, marcenaria e telas de papel de arroz.
A paisagem do projeto também é pensada como um elemento que proporcionará mais privacidade e sombra à edificação, uma floresta que crescerá no centro do lote, com árvores e plantas endêmicas da região.
Para a captação e tratamento de água são propostas duas cisternas, uma para água potável e outra para irrigação de jardins, que é abastecida com água da chuva e água filtrada de pias e chuveiros. O esgoto é conectado a um biodigestor localizado no quintal, desconectando a edificação da rede pública.
A relação direta que existe entre o espaço e o usuário foi decisiva para a escolha do sistema construtivo, dos materiais, da ventilação, da iluminação natural/artificial e da localização do volume no lote. Esta edificação respira através das suas paredes, que mantêm o espaço muito fresco e com uma temperatura agradável. Ela utiliza a estrutura da fachada como proteção para o sol. É um espaço que otimiza recursos e tenta minimizar o impacto quando chega a hora de regressar à terra.